O aumento da taxa básica de juros para 13,75% ao ano não apenas tornou o crédito mais caro, como também atraiu investidores da renda variável para a renda fixa. Isso inclui o setor de Venture Capital, que investe em startups em busca de alto retorno financeiro. Mas, segundo Igor Romeiro, fundador e CEO da Efund Investimentos, a análise superficial dos investidores que consideram apenas os juros pode impedi-los de perceber as oportunidades de investimento no mercado de startups.
Para Romeiro, a análise de fundamentos das startups e a lógica de funcionamento do mercado são essenciais para uma decisão de investimento adequada. Ele destaca a importância de se investir na baixa e vender na alta, uma abordagem que também pode ser aplicada a empresas em fase inicial. Algumas startups brasileiras estão atraindo investidores porque seus valuations estão mais atrativos e porque estão procurando investimentos para expandir seus negócios, não para pagar dívidas.
Embora muitos investidores estejam buscando fontes mais seguras de renda em momentos de crise, Romeiro argumenta que investir em startups não é loucura. Embora as startups possam ser afetadas pelos efeitos econômicos da crise, elas não são todas iguais, e algumas delas têm um potencial de crescimento excepcional. Além disso, o investimento em startups pode ser benéfico em momentos de crise, quando as avaliações das empresas são reduzidas e os investidores podem adquirir participação em empresas promissoras a preços mais baixos.
Embora alguns analistas acreditem que a taxa de juros no Brasil esteja atingindo o teto e deva começar a cair, muitos investidores ainda têm receio de investir em startups. No entanto, Romeiro destaca que quem investir agora pode se beneficiar de ótimas oportunidades de liquidez quando a economia se recuperar, e a renda fixa já não parecer tão atraente.
Números
De acordo com dados da Associação Brasileira de Startups (Abstartups), o país fechou o ano de 2021 com mais de 15 mil empresas desse tipo em atividade. Isso representa um aumento de mais de 30% em relação ao ano anterior.
Além disso, o país é considerado um dos principais ecossistemas de startups da América Latina, perdendo apenas para o México. São Paulo e Rio de Janeiro são as cidades com o maior número de startups, mas outros estados, como Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina, têm ganhado destaque e atraído cada vez mais empreendedores. O setor de tecnologia é o que mais se destaca, mas há startups atuando em diversas áreas, como saúde, educação, mobilidade urbana, entre outras.